Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


com Camus
Jean Daniel
Temas e Debates/Círculo de Leitores

Para quem conheça Camus, o grande escritor e filósofo que adorava ser também jornalista, o autor de obras tão profundas que se tornaram sucessos mundiais como o Estrangeiro ou o Homem Revoltado, vai querer certamente ler o que Jean Daniel, o jornalista que foi seu confidente, seu amigo e admirador, nos oferece neste seu livro precisamente intitulado “com Camus”. Quem não tenha lido alguma vez Camus, o que é uma falta grande para quem deseja ter uma ideia do mundo actual, dos problemas que enfrentamos, das ideologias que se debatem, de tudo enfim que diz respeito ao homem de hoje como o foi já nas décadas anteriores, também se aconselha esta leitura. É que Jean Daniel, escritor e jornalista que várias vezes tem acompanhado as vivências do nosso país, amigo e admirador de algumas figuras do nosso panorama político de esquerda, consegue dar-nos para além da sua análise pessoal de Camus e das suas ideias, amizades e até conflitos, dos seus pensamentos e atitudes mais fervorosos, um retrato mais do que fiel da actualidade. É que Camus - e o sub-título do livro “Como aprender a resistir” lhe faz referência – foi o homem da Resistência Francesa durante a Guerra e soube resistir tanto a ideologias de direita como aos totalitarismos de esquerda que igualmente condenava. Hoje como nunca também há necessidade de resistir. E Jean Daniel torna-se ele próprio na imagem de Camus, concluindo que todo o jornalista (e ambos o são) deve “reconhecer o totalitarismo. Não mentir e saber reconhecer o que se ignora. Recusar sempre todo o despotismo mesmo provisório”. Jornalismo. Literatura e filosofia entrelaçam-se neste jogo de ideias que é mais do que um simples propósito. É uma lição para que o Homem de hoje possa ser digno do Homem de amanhã. Ou será que há dúvidas de que é este o caminho? Livro admirável sem dúvida e por isso aqui fica.

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