Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


FÚRIA DIVINA
José Rodrigues dos Santos
Gradiva

Curiosamente na mesma semana em que era apresentada uma nova edição da Bíblia que segundo os editores levou 32 anos a preparar, incluindo os textos do Antigo e Novo Testamento juntamente com os Deuterocanónicos, e em que José Saramago apresentou o seu último livro dedicado à figura de Caím, lançando a polémica entre cristãos que se sentem ofendidos pelas suas palavras negando a existência de Deus, José Rodrigues dos Santos, apresentou o seu novo romance no qual, misturando ficção e realidade, relata aspectos verídicos da religião islâmica. A sua “Fúria Divina”, como ele próprio escreve numa nota inclusa, é uma história ficcional com personagens ficcionais mas como acontece em todas as suas obras, muitas das coisas que o livro revela não constituem qualquer invenção. E cita o caso de documentos e declarações dos dirigentes da Al-Qaeda sobre a intenção de deflagrar um engenho nuclear. Para esta obra consultou variadíssimos textos de mentores do islamismo radical, obras gerais sobre o islão, o próprio Alcorão e outras reveladas com pseudónimo, para além do facto deste livro ter sido revisto por um dos primeiros operacionais da Al-Qaeda. O livro é portanto um romance, baseado em informações verídicas que nos revelam várias facetas consideradas estranhas e mesmo ignoradas do radicalismo islâmico, na turbulenta época em que vivemos. A avaliar pelo público que encheu a praça central de um conhecido centro comercial de Lisboa para escutar o premiado jornalista José Rodrigues dos Santos e conceituado escritor já traduzido além fronteiras, este seu livro, quer pela forma romanceada como o autor tem sabido impor a sua escrita prendendo os leitores da primeira à última página quer pela actualidade do tema, vai certamente juntar-se aos êxitos das suas obras anteriores e mesmo ultrapassá-los.

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