Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


UM REFÚGIO PARA A VIDA
Nicholas Sparks
Ed. Presença

Haverá talvez quem se interrogue sobre as razões do sucesso deste romancista que agora lança a sua 17ª novela, certamente destinada a tornar-se mais um best-seller. Não é por acaso que seis delas foram adaptadas ao cinema e outras se preparam para seguir o mesmo caminho. Antes de tentar obter uma resposta, lembremo-nos que em Portugal a célebre “Message in a bottle”, o título original de “As palavras que nunca te direi”, já incluída neste espaço, vai presentemente na 54ª Edição. A explicação não parece fácil se nos debruçarmos sobre o seu trajecto literário. Nicholas Sparks que desde muito novo, ainda estudante numa Universidade de Notre Dame na Califórnia, escreveu uma novela que não conseguiu publicar, o mesmo acontecendo com uma segunda novela escrita já depois do seu licenciamento em economia, acabou por ser descoberto por uma editora que analisou profundamente um terceiro título, o célebre Diário de uma Paixão, e resolveu representá-lo e vender os direitos à Warner Books, tornando-se best-seller do New York Times numa única semana. Finalmente apareceram as referências no New York Times e os prémios. Finalmente, o público podia rever nas suas palavras a profundidade dos seus sentimentos. Nicholas Sparks, analisa com realismo o drama humano que por vezes atravessa inesperadamente as nossas vidas, quando o mistério daquilo a que muitas vezes erradamente se chama destino, nos faz balançar entre os apelos do coração e a frieza da razão. E é precisamente porque ele nos explica que o coração acaba por vencer, mesmo quando tudo parece desabar nas nossas vidas, por mais difícil que sejam as contradições encontradas, que alcançamos aquela serenidade de espírito, sempre desejada por todos os que anseiam encontrar a felicidade. Os seus leitores habituais já estão habituados a que Sparks lhes conte algo que na realidade poderia acontecer a qualquer deles. Se gostariam ou não que isso lhes acontecesse exactamente é o que duvido, tal a intensidade dos dramas sofridos. Mas quase passar pela experiência e no final ficar com uma sensação de que algo de maravilhoso foi vivido é quanto lhes basta. Particularmente neste romance alguém procura de facto um refúgio numa comunidade diferente daquela onde a vida não lhe sorriu e, pelo contrário, lhe retirou a vontade de criar novos laços afectivos. Contrariamente a essa tomada de decisão, acaba por integrar-se e prender-se a uma nova paixão. E é perante isso que irá acontecer a luta entre o seu promissor presente e o passado que continua a persegui-la. Como vencer essa luta é o que nos vai descrever Sparks em “Um Refúgio para a Vida”. O estranho segredo com o qual chegara acaba por ser desvendado e entra mesmo em conflito com a sua vida presente. Será que afinal temos todos de aprender a viver com as nossas sequelas por mais profundas que sejam? Até que ponto nos temos que submeter a um passado que não queremos ou alcançar a libertação por mais penosa que seja? Fica o convite para o lerem.

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