MENSAGEM
Fernando Pessoa
Ed. Centro Atlântico
É a Hora! Assim termina essa extraordinária obra que o poeta dedicou à sua Pátria e onde descreve a sua origem e passado, esquecendo o presente mas visionando o futuro deste país. Terá sido essa a ideia que presidiu à criação. Tendo publicado em vida vários poemas dispersos por jornais e revistas literárias, a Mensagem viria a ser o único livro que se permitiria publicar antes de morrer, a pedido de um membro do regime, seu amigo, mas que haveria de ser retirado por não possuir o número mínimo de páginas requerido para concorrer ao Prémio Antero de Quental. Viria a receber um outro Prémio especialmente criado para si. Ao longo do tempo, os estudiosos e críticos pessoanos não se cansaram de elogiar o significado da Mensagem. São muitos e variados esses estudos e naturalmente importantes para a compreensão do significado da Mensagem. Pessoa tem sido considerado mais importante na literatura poética do que o próprio Camões com os Lusíadas ou pelo menos igualmente importante. Para o grande público, no entanto, a Mensagem é uma espécie de símbolo criado pelo poeta dos heterónimos mas ao lê-la é por vezes difícil compreender o tão profundo ela se enraíza no que nos pertence ou pertenceu e na visão que o autor pretendia dar do seu país que um dia havia de renascer. Já depois de lhe ser atribuído o tal prémio especial, é o próprio Pessoa que realça o profundo simbolismo que esta obra encerra num modo onde poderemos percepcionar os seus desejos de uma fraternidade universal. Ora é esta profundidade que por vezes escapa ao comum dos leitores. Por isso “É a Hora”, quando decorrem as celebrações do 75º aniversário da sua morte, de aparecer uma edição especial da responsabilidade da Centro Atlântico que nos oferece para além do grande poema épico o acompanhamento na página adjacente do significado das palavras ou expressões utilizadas pelo poeta. Até onde chega afinal o sentido verdadeiro que ele lhe quis dar. E é esse contributo valiosíssimo, da responsabilidade de duas licenciadas em Filologia Românica, Auxilia Ramos e Zaida Braga. Sabia por exemplo o que significam exactamente aquelas estrofes tão conhecidas: “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” e que depois termina com a frase: “Para que fosses nosso, ó mar!”? Pois cada estrofe ou conjunto de estrofes está explicada de forma acessível e compreensível para todos, de modo a não prejudicar minimamente a leitura fluente do poema épico. Uma Mensagem a não perder, esta que descreve talvez o que de mais verdadeiro existe na condição universalista de ser português. Mas terá de ser bem compreendida para lá chegarmos. E, não sendo a única, é essa a grande virtude desta magnífica edição.
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