Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


O MUNDO SEM NÓS
Alan Weisman
Estrela Polar/Oficina do Livro

O que aconteceria se nós – os humanos – desaparecêssemos deste planeta que tão maltratado tem sido desde que nele aparecemos e nos fixámos? Alan Weisman, conceituado jornalista e cronista norte-americano, autor de "O Mundo Sem Nósnão deseja que a humanidade desapareça. O que ele pretende nesta sua obra é chamar a atenção das pessoas para o verdadeiro significado do seu lugar entre as restantes espécies de modo a que modifiquem a sua maneira de viver e tratar deste planeta. Não se trata de uma visão pessimista. Tendo-se rodeado dos especialistas das mais variadas áreas das ciências da vida, Weisman relata com muita acuidade os casos mais execráveis das destruições que temos vindo a fazer. E o que simplesmente aconteceria se deixássemos de existir é que, com excepção dos milhares de espécies que para sempre excluímos da face da Terra, a Natureza voltaria a pouco e pouco a ocupar os espaços que lhe roubámos em nome do progresso e do nosso discutível bem-estar e, ao fim de uns muito milhares de anos, se por magia qualquer de nós pudesse regressar ficaria extasiado perante o esplendor que encheria os mais variados locais. As nossas casas teriam desaparecido e em seu lugar estariam árvores frondosas repletas de aves e insectos magníficos. Pouca coisa teria resistido do nosso lixo tecnológico embora se saiba que o plástico das embalagens que usamos levaria pelo menos 100 mil anos para ser devorado pelos micróbios. Mas bastariam perto de 100 anos para que os 500 milhões de automóveis que andam por aí se tornassem escombros irreconhecíveis. Weisman descreve o processo histórico da destruição de espécies entre as quais algumas que todos conhecemos como o Dodo que os marinheiros portugueses matavam à paulada quando chegavam a terras do Oriente ou os Pombos mensageiros caçados em bandos de milhares de indivíduos mortos pelos caçadores e atulhando as carroças que chegavam diariamente a Boston e a Nova York. Mas ele vai mais longe e descreve também o que estamos fazendo hoje em dia e, a continuarmos assim, ao que pode conduzir-nos este desenfrear de desrespeito pelos outros seres vivos, animais ou plantas. Os projectos de protecção implementados destinam-se mais ao nosso gozo particular do que ao simples acto de equilibrar este planeta. Os restantes seres vivos não necessitam de nós. Nós é que necessitamos deles. E esse conceito, levado com tal simplicidade, conduz a erros levianos e parciais. O livro é para ler e meditar sobre o que temos feito e como havemos de modificar os nossos actos se quisermos ser dignos de aqui ficar. Porque, sem sombra de dúvida, se continuarmos este caminho, não há acordos de Kyoto ou o próximo da Dinamarca, parcialmente cumpridos ou pior não cumpridos que resolvem o problema. Andamos a brincar com o nosso destino. E a Terra não se importará nada com a nossa partida. Leia e reflicta.

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