Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


A ÚLTIMA TESTEMUNHA DE AUSCHWITZ
Denis Avey
com Rob Broomby

Clube do Autor

O autor viveu de facto os episódios trágicos descritos neste seu livro que escreveu em conjunto com o jornalista britânico do BBC World Service que fora em tempos correspondente em Berlim. Denis foi feito prisioneiro de guerra e de acordo com a Convenção de Genebra ficou num campo especial criado pelo regime nazi para o exército inimigo. Estava no entanto muito próximo do de Auschwitz e foi-lhe fácil constatar como eram tratados os judeus ali encarcerados, forçados a trabalhar até já não terem forças e conduzidos depois para as câmaras da morte. Ora não é de estranhar que Denis tenha sido distinguido numa recente cerimónia como um dos 27 heróis britânicos do Holocausto. Muitos de nós recordamos ainda de tudo o que soubemos sobre as perseguições e atrocidades dantescas cometidas pelo governo alemão durante a segunda Guerra Mundial. O Holocausto nos campos de concentração para judeus foi uma dos episódios mais vergonhosos levados a cabo pelo nazismo. Muitos de nós recordamos os filmes que foram feitos sobre esse período de verdadeiro horror na história recente da Humanidade. Conhecemos os nomes de muitos dos que lutavam para conseguir a fuga e a liberdade para o ocidente de homens, mulheres e crianças em permanente perigo de vida. Aristides Sousa Mendes que foi cônsul de Portugal em França, durante a ocupação, desafiou o governo português e salvou a vida de milhares de pessoas, das quais cerca de 10 mil judeus, tendo sido chamado de "o Schindler português", outro diplomata alemão que também salvou muitas vidas dentro de a própria Alemanha. Também conhecemos e lemos o célebre Diário de Anne Frank. O que nos conta Denis Avey é como, enquanto vigiava cuidadosamente o que se passava no campo vizinho de Auschwitz, conseguia ter uma vaga ideia do que ia acontecendo aos prisioneiros judeus. E por isso mesmo, no desejo de tomar pleno conhecimento daquilo que lhe chegava aos ouvidos, acabou por infiltrar-se no outro campo e trocar a sua espécie de farda pelas vestes de um judeu que se encontrava em perigo de vida devido à sua debilitante condição física e aos laços familiares que ao mesmo tempo o prendiam ao exterior. Com essa atitude, acabaria por salvar a vida do judeu mas viveu ele os horrores dos dias passados junto aos corpos dos que iam sendo enterrados meios vivos ou das cinzas que saiam das câmaras de incineração. Mais um livro sobre o Holocausto, poderão dizer alguns. Mas trata-se do relato dos horrores passados e funcionam como testemunho vivo daquilo que presenciou que aqui retrata. É talvez compreensível que não seja agradável reler ou voltar a relembrar o que se passou. Mas também convém que tudo isto não seja esquecido. Trata-se de um relato envolvente. Tudo ali foi vivido. É verídico. Uma obra a não perder para que a humanidade não volte a viver este tipo de episódios que colidem com os direitos fundamentais do Homem e com a dignidade da nossa existência, no respeito pelas ideias de cada um, contra a opressão e o racismo.

Para ler um excerto desta obra clique aqui.