Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


O CLUBE DA HIPOTENUSA
Claudi Alsina
Planeta

Este Clube da Hipotenusa é mais um livro de Matemática que nos entra pela porta do Amor pelos Livros. E alguns daqueles que aqui regularmente nos lêem pensarão que deve existir uma razão para que eu sinta uma certa inclinação para gostar de livros de Matemática. Se por um lado esse gosto existe, devo confessar que nem eu próprio compreendo a verdadeira razão. A minha formação académica não tem muito a ver com a matemática apesar de hoje se saber – e é verdade – que tudo ou quase tudo tem a ver com ela. Sem a matemática como poderia avançar a ciência? Como seria possível estarmos a percorrer estas auto-estradas da informação? Para tudo afinal existe uma equação que explica os mais diversos fenómenos. E depois existe sobretudo a questão dos números. Mas pessoalmente esta forte inclinação, tanto quanto me lembro, talvez seja explicada por ter sido dos poucos alunos da antiga Politécnica (Faculdade de Ciências de então) que conseguiu ter um 16 na cadeira de Álgebra Superior com o temível e exigente Vicente Gonçalves. Mas entremos então no Clube da Hipotenusa onde o catedrático de Matemática da Universidade da Catalunha nos apresenta “um divertido passeio pela história da matemática através das suas anedotas mais hilariantes”. Claro que umas serão mais hilariantes do que outras, algumas serão meras curiosidades pois nem todas de facto fazem rir mas o certo é adquirirmos conhecimento. Nem tudo aconteceu como pensávamos. Os grandes matemáticos tinham naturalmente as suas fraquezas e algumas não eram assim muito aceitáveis em termos de princípios morais. Mas enfim, os grandes matemáticos eram também homens como quaisquer outros. E não é isso que os fará cair do pedestal. Descem apenas alguns degraus. A propósito sabe quais são os livros que mais se vendem no mundo? Acredito que vai responder: os romances. Pois está enganado. São os livros de Matemática. Bom, mas também fica a saber que antes dos Maias terem “descoberto” Colombo e tudo o mais que o navegador lhes quis mostrar, já 2.000 anos antes os maias iam desenvolvendo um sistema avançado de numeração, de calendário e de cálculo astronómico. Mas entre muitas mais coisas ficará a saber se Arquimedes costumava de facto usar a banheira. Quais as matemáticas aplicáveis às relações sexuais? Porque razão os números foram anteriores às letras? Dois grandes matemáticos resolveram o mesmo problema sem terem notícia um do outro. A qual deles atribuir a descoberta? Enfim, como diz o autor, o Clube da Hipotenusa colocado no meu Amor pelos Livros pode contribuir para romper o tabu das matemáticas antipáticas e apresentar a sua face amável e humana. Divirta-se a lê-lo.

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