Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


O JACKPOT CÓSMICO
Paul Davies
Gradiva

Foi este exactamente o título que o autor escolheu no seu original em língua inglesa. Cremos que de qualquer modo s seus leitores, nomeadamente nos Estados Unidos e no Reino Unido, compreenderam, como nós aqui em Portugal o temos de aceitar, que se trata de algo de maravilhoso para o nosso bem estar possível neste Universo. O Cosmos oferece-nos um jackpot, Assim o saibamos compreender e aceitar, Paul Davies é um físico e cosmólogo conceituado internacionalmente, autor de variadíssimos artigos e livros de divulgação na sua área (alguns deles editados igualmente pela Gradiva) mas usando em todos eles um estilo muito claro para que todos facilmente entendam a complexidade que parece às vezes – e assim é de facto – existir nesta questão da descoberta do Cosmos. Ele vai mais além do que Sagan, sem dúvida este também com muito mérito, mas nos dias de hoje as mais recentes descobertas modificaram um pouco o que se pensava de certas etapas mais obscuras do nosso universo. E dizemos nosso porque para além deste Davies nos apresenta o conceito de multiverso pois se "alguma das leis ou constantes físicas que regem o universo tivessem um tudo-nada diferentes, a vida tal como a conhecemos seria impossível". O nosso universo é apenas afinal um de um número infinito de universos. E só estamos aqui e nos sentimos vivos porque recebemos um jackpot cósmico. Claro que isto levanta problemas sobretudo de carácter religioso para tudo o que é crença numa entidade sobrenatural. Mas Davies não pretende com isso exaltar a polémica e excitar os ânimos. A sua intenção - e consegue-o se o lermos atentamente – é explicar-nos o que as mais recentes descobertas nos trouxeram no domínio do conhecimento para que possamos usufruir deste planeta num universo único que curiosamente ao nascer de um big-bang já teria tudo muito bem organizado nas mais ínfimas partículas para que acontecesse a vida e “acontecessemos” nós. Michio Kaku, um dos mais eminentes e respeitados cientistas dos nossos dias, autor de numerosas obras essenciais para muitos estudantes das universidades, participando em programas televisivos e documentários de Ciência na BBC, disse a propósito deste livro de Paul Davies que se tratava de algo verdadeiramente hipnótico. Lê-se como um romance policial. Impossível parar de virar as páginas. E porque sinto exactamente o mesmo, tal é a clareza e o entusiasmo com que o autor nos explica o encantamento que o leva a concluir que o nosso universo é mesmo bom para a vida é que aqui o deixo ao dispor dos visitantes no meu Amor pelos Livros. De facto todos nós ganhámos um Jackpot cósmico. E eu juntaria, dadas as minhas mais que conhecidas ideias de defesa do ambiente, que vale mesmo a pena não estragar mais – e já o fizemos demasiado por largo tempo – o único planeta que temos para viver e deixar às futuras gerações.

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