Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


DIÁLOGOS PARA O FIM DO MUNDO
Joana Bértolo
Editorial Caminho


Não é fácil a leitura deste livro da jovem escritora curiosamente licenciada em Belas Artes e presentemente a fazer o seu doutoramento em Berlim. Distinguida já com vários prémios, um deles atribuído precisamente a este título quando ainda na sua fase de manuscrito (Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho –2009) a fundamentação do júri salientava uma desenvoltura de linguagem, originalidade na construção narrativa e a variedade de registos (…) denotando um louvável poder de comunicação. Mesmo antes de termos tido conhecimento destes fundamentos, também encontrámos nestas páginas um inegável poder de concentração dos mais variados sentimentos, ligados por factos que já aconteceram e de que temos conhecimento como de algumas interrogações que todos nós fazemos sobre o incompreensível futuro que sempre nos espera ou espreita à esquina do caminho a percorrer. Joana Bértolo não pretende dar respostas mas sim levar-nos a pensar sobre uma imensidade de questões que habitam o vasto oceano das nossas vidas. E por essa razão dissemos há pouco que não era fácil a sua leitura mas talvez até por isso mesmo exista a vantagem de o fazermos e não sendo um livro cujas páginas se devoram aguardando o momento de as voltar merece que paremos de vez em quando para avaliar até que ponto nos revemos nelas ou revemos até o próprio mundo em que vivemos. Escrita original, sem dúvida, a pouco e pouco vamos querendo viajar com Joana Bértolo pelos caminhos que vai traçando nas suas descrições. E para que tudo estivesse mais completo nem a música deixa de estar presente. Seja ela pressentida no convés de um navio que soubemos ter naufragado há muito tempo como na grandeza de um compositor que ficará na eternidade enquanto dela tivermos no Quase seria levado a dizer que em vez de um romance, ali coexistem vários romances. O amor está naturalmente presente numa curiosa história que transversalmente cruza as mais variadas situações. Mas onde estará o Futuro do Amor? E onde o Futuro se ele já é agora? Desse modo Joana convida-nos a procurar respostas que ela nunca teve a pretensão de dar. Mas a pouco e pouco e à medida que a acompanhamos nestas páginas dos seus Diálogos – que o são de facto não só entre as diversas personagens como sobretudo entre nós próprios e a autora – concluímos que é uma obra que merece o seu destaque neste nosso Amor Pelos Livros. Diálogos para o Fim do Mundo são de facto Diálogos para o nosso presente. Um presente que foi Ontem, é hoje mas também é já amanhã.

Para ler um excerto desta obra clique aqui.