Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


O PARADOXO DA SABEDORIA
Elkhonon Goldberg
Publicações Europa-América

“Como pode a sua mente ficar mais forte à medida que o seu cérebro envelhece”. É assim que o autor apresenta esta sua obra. Professor de Neurologia da Faculdade de Medicina de Nova Iorque e investigador na área da neurociência cognitiva, ele revela-nos com clareza os seus estudos e os de outras figuras eminentes, onde destaca por exemplo o português António Damásio. Num grande número de pessoas existe a ideia de que o nosso cérebro vai perdendo capacidades à medida que envelhecemos. Os estudos actuais concluem que, exceptuando causas de origem fisiológica relacionadas com as chamadas doenças da terceira idade, não existem razões para que tal aconteça. E que as células responsáveis pelo bom funcionamento do cérebro continuam a reproduzir-se e a dar origem a novas células. Também é comum ouvirmos dizer que as pessoas de idade não possuem mais sabedoria e o que as diferencia dos mais novos é apenas o acumular de muitas experiências vividas. Claro que esta última particularidade é de facto importante mas isso não quer dizer que a sua sabedoria resida unicamente aí. Ao contrário do que é normal na maior parte das pessoas que consideram que ao envelhecer a vida deixou de ser uma batalha como era no passado e se tornou em algo de mais calmo e sossegado, quase digamos uma espécie de estagnação, o autor – e ele próprio vive essa experiência – acha que a vida deve continuar a ser uma festa que se tornará mais intensa à medida que a idade avance. E é este segundo Elkhonon Goldberg o paradoxo existencial do envelhecimento. Podemos ficar assombrados com os efeitos do envelhecimento mas ainda assim há que seguir o impulso que nos leve a prolongar a festa. O livro cita é claro vários exemplos de casos de personalidades conhecidas nas quais foram evidentes os declínios neurológicos mas não deixa de nos citar igualmente que a par de certas perdas cognitivas as pessoas idosas podem tomar decisões mais intuitivas e são numerosos os casos de grandes líderes ou de artistas que atingiram precisamente o sucesso numa fase adiantada da sua vida. Sem ser propriamente um manual de instruções para conservar uma mente saudável quando se aproxima o envelhecimento, o livro fornece-nos algumas indicações úteis para travar os seus efeitos.

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