A ORIGEM DAS ESPÉCIES de Charles Darwin
Janet Browne
Gradiva
É perfeitamente natural que deixe aqui este livro de Janet Browne, considerada pela crítica a melhor biógrafa de Charles Darwin e que neste seu último livro sobre ele consegue explicar-nos de uma maneira límpida e sugestiva por que razão é que A ORIGEM DAS ESPÉCIES pode ser considerado o livro de ciência mais importante de tudo o que foi escrito até agora. Professora de História da Ciência na Universidade de Harvard publicou a biografia de Darwin em dois volumes que foram distinguidos com vários prémios literários e é considerada uma das principais figuras mundiais na História da Biologia. Darwinista por natureza que estudou até às mais ínfimas particularidades o que foi a vida de Darwin, os seus estudos, as suas viagens, as suas descobertas, a sua luta pelo estabelecimento de uma ordem universal para os problemas da evolução, incluindo a do próprio Homem; conhecedora de todos os aspectos da sua vida particular e familiar, dos contactos havidos com outros biólogos da época que com ele concordavam ou discordavam e de toda a polémica que as suas teorias provocaram em certos meios científicos mais conservadores, Janet Browne estava de facto preparada para ser a pessoa indicada para nos descrever a importância que foi para a Humanidade o lançamento d’A Origem das Espécies. Analisando detalhadamente todo o desenvolvimento das teorias evolucionistas de Darwin, ela consegue de facto explicar-nos as razões pelas quais ainda hoje são negadas por uma parte do mundo científico-cultural. Mas com as pesquisas que efectuou a todas as polémicas que foram acontecendo e confrontando-as com as principais fontes dos trabalhos efectuados por Darwin, Janet Browne não nos deixa lugar para dúvidas. E o que é de salientar ainda é a forma incrivelmente eficiente e clara como ela consegue fazer-nos entender porque é que esta obra de Darwin teve a importância de ter aberto ao mundo explicações simples para o que até aí parecia inexplicável. Com os conhecimentos que hoje existem, muitos dos quais na sequência de algo que Darwin já nos teria dado a conhecer com as suas cuidadosas e quase obsessivas observações no seio da Natureza, ser-nos-ia fácil – ou talvez não – chegar às mesmas conclusões. Mas é incontestável que na época em que Darwin viveu, o seu trabalho e as conclusões que haveriam de revolucionar muito do pensamento científico existente foram um facto importantíssimo para o verdadeiro conhecimento das leis naturais. E Janet Browne consegue explicar-nos como e porquê. Tal como afirmava o crítico Adam Sisman do Daily Telegraph “... é o mais perto que podemos chegar da mente de Darwin”. De facto nenhum livro até hoje contribuiu de modo tão claro e eficiente para a compreensão do seu verdadeiro significado.
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DARWIN SEMPRE
A ORIGEM DAS ESPÉCIES
No ano que recentemente terminou em que se comemoraram os 200 anos do nascimento de Charles Darwin e os 150 anos da publicação da primeira versão do seu livro “A Origem das Espécies”, realizaram-se por todo o mundo exposições, conferências, debates, artigos nas mais prestigiadas revistas, científicas ou não e a edição de novos livros sobre Darwin e a sua importância na história da Evolução e das Origens. Sem dúvida que “A Origem das Espécies” foi a sua obra mais polémica, até porque Darwin nas 6 edições que foram publicadas durante a sua vida estava constantemente a fazer correcções e alterações. Isso significava que a sua mente prodigiosa não se cansava de continuar um estudo que considerava importantíssimo sobre a evolução de todos os seres vivos. Apesar da primeira edição de 3.000 exemplares se ter esgotado no dia da sua publicação em Novembro de 1859, houve quem o louvasse e quem o odiasse de tal modo eram polémicas as suas ideias sobre o modo como evoluíam espécies e nomeadamente sobre a Origem do Homem, outra obra que publicaria depois e que se opunha globalmente às doutrinas divinas da criação, demonstrando que todos os mamíferos descendiam de um antepassado comum, possivelmente um pequeno roedor, dele se originando um ramo de primatas, onde um dos sub-ramos teria dado origem aos nossos antepassados. A nossa ideia em só agora colocar aqui algumas referências às edições mais significativas é precisamente a de afirmar que apesar de algumas novas interpretações, sobretudo no caso das descobertas em genética que vieram dar uma nova luz aos mistérios da evolução, defendemos que “Darwin ... Sempre”.
Em Portugal, foram duas as novas edições d’A Origem das Espécies, a primeira da Europa-América, aproveitando a passagem do seu 60º aniversário, numa tradução de Dora Batista e em Novembro a do Círculo de Leitores da responsabilidade de Vítor Guerreiro. De qualquer modo, ambas respeitam a essência fundamental da última edição revista por Darwin.
Trata-se de uma obra que não devemos deixar de ler e sobre ela meditar, embora à luz de modernas descobertas científicas. É que o seu trabalho foi de tal modo importante e resultado de um esforço e investigação nesta matéria, tão raros naquele tempo, que continua a ser uma lição e um rumo para quem pretenda conhecer o caminho que as espécies percorreram até alcançarem o que são hoje e sobretudo longe da ideia cri accionista de terem sido obras de uma qualquer divindade.
Tendo-se formado em Medicina e Teologia, parte com 22 anos a bordo do Beagle, uma pequena embarcação da época, para fazer companhia ao capitão Fitzroy, fugindo de certo modo à vida clerical que seu Pai lhe havia destinado. Durante 5 anos percorreu os cinco continentes e nas diversas expedições em terra não se cansava de anotar observações nos seus papéis e recolher numerosas amostras de animais e plantas que enviava para sua casa ou para biólogos e geólogos que conhecia. Tudo o fascinava e questionava-se sobre a enorme diversidade de espécies vivas que em muitos casos e em locais diferentes apareciam com certo número de variações. Ficou célebre a passagem pelas Ilhas Galápagos onde notou precisamente essa variedade de uma ou outra espécie, entre uma e outra ilha, apesar de apenas separadas por um manto de água. Por que razão aconteceria tal facto? É tudo isso que mais tarde irá resolver no seu regresso à casa de campo transformada em Laboratório. Numa admirável dedicação ao desvendar dos segredos da Natureza e do Homem, é aí que começa a reunir todos os seus apontamentos que viriam a dar origem a todas as suas obras.
Reproduzimos também aqui, como curiosidade, a capa do exemplar raro que possuímos da primeira edição em língua portuguesa d’A ORIGEM DAS ESPÉCIES, datada de 1913, pela Livraria Chardron de Lelo & Irmão.
Janet Browne, principal biógrafa de Charles Darwin, demonstra no seu mais recente livro, já traduzido para português, editado pela Gradiva (A Origem das Espécies de Charles Darwin) porque é que a Origem das Espécies pode ser considerado o maior livro de ciência alguma vez publicado.
“O mais humilde dos organismos é algo de mais elevado que a poeira inorgânica a nossos pés. E não há ninguém com espírito sem preconceitos que consiga estudar qualquer criatura viva, por mais humilde que seja, sem se deixar entusiasmar pela sua maravilhosa estrutura e propriedades”, escreveu Darwin.
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O PARADOXO DA SABEDORIA
Elkhonon Goldberg
Publicações Europa-América
“Como pode a sua mente ficar mais forte à medida que o seu cérebro envelhece”. É assim que o autor apresenta esta sua obra. Professor de Neurologia da Faculdade de Medicina de Nova Iorque e investigador na área da neurociência cognitiva, ele revela-nos com clareza os seus estudos e os de outras figuras eminentes, onde destaca por exemplo o português António Damásio. Num grande número de pessoas existe a ideia de que o nosso cérebro vai perdendo capacidades à medida que envelhecemos. Os estudos actuais concluem que, exceptuando causas de origem fisiológica relacionadas com as chamadas doenças da terceira idade, não existem razões para que tal aconteça. E que as células responsáveis pelo bom funcionamento do cérebro continuam a reproduzir-se e a dar origem a novas células. Também é comum ouvirmos dizer que as pessoas de idade não possuem mais sabedoria e o que as diferencia dos mais novos é apenas o acumular de muitas experiências vividas. Claro que esta última particularidade é de facto importante mas isso não quer dizer que a sua sabedoria resida unicamente aí. Ao contrário do que é normal na maior parte das pessoas que consideram que ao envelhecer a vida deixou de ser uma batalha como era no passado e se tornou em algo de mais calmo e sossegado, quase digamos uma espécie de estagnação, o autor – e ele próprio vive essa experiência – acha que a vida deve continuar a ser uma festa que se tornará mais intensa à medida que a idade avance. E é este segundo Elkhonon Goldberg o paradoxo existencial do envelhecimento. Podemos ficar assombrados com os efeitos do envelhecimento mas ainda assim há que seguir o impulso que nos leve a prolongar a festa. O livro cita é claro vários exemplos de casos de personalidades conhecidas nas quais foram evidentes os declínios neurológicos mas não deixa de nos citar igualmente que a par de certas perdas cognitivas as pessoas idosas podem tomar decisões mais intuitivas e são numerosos os casos de grandes líderes ou de artistas que atingiram precisamente o sucesso numa fase adiantada da sua vida. Sem ser propriamente um manual de instruções para conservar uma mente saudável quando se aproxima o envelhecimento, o livro fornece-nos algumas indicações úteis para travar os seus efeitos.
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