OS FILÓSOFOS NO DIVÃ
Charles Pépin
Publicações Europa-América
Todos sabemos que as ideias por vezes defendidas por algumas pessoas nem sempre são coincidentes com as suas verdadeiras preocupações e com aquilo que na realidade sentem na sua mente. Claro que felizmente essa não é a regra geral e acontece sobretudo na política mas já se registaram até casos de individualidades das mais variadas áreas mesmo com escritores. O que passaram para o papel e ficou às vezes para a posteridade não coincidia com as suas reais convicções. Vá lá saber-se porquê! Mas será que quando se trata de filósofos, grandes nomes históricos cujas teses nos habituámos a respeitar, podendo ou não concordar com elas em todos os seus aspectos, cometeram igual pecado? Poder-se-á perguntar se tal seria concebível ou antes pelo contrário as suas teses filosóficas eram precisamente o produto das suas mais intrínsecas preocupações. E quando esses filósofos são nomes como Platão, Kant ou Sartre, a nossa curiosidade sobre as causas que os levaram a defender as suas teorias é ainda maior. Pois foi o que Charles Pépin, jovem escritor e professor agregado de Filosofia no Liceu do Estado da Legião de Honra de Saint-Denis e no Instituto de Estudos Políticos de Paris resolveu investigar baseado, conforme ele explica no seu livro “Os Filósofos no Divã”, num criterioso conjunto de fontes históricas, textos autobiográficos, cartas dos próprios filósofos, obras biográficas e até no caso de Sartre, de entrevistas. Charles Pepin afiança-nos que nada foi inventado. E assim imaginou um encontro ou melhor vários encontros desses três personagens estendidos num divã em casa de Freud. Junta-se assim a Psicanálise à Filosofia e assistimos ao processo do regresso às suas vivências passadas, aos seus afectos e contradições, desde a infância à execução das obras que nos deixaram. Só Freud de facto os poderia fazer revelar a verdade. E isso é tão importante como afinal poder compreender o legado das suas ideias. As teorias de Platão, Kant e Sartre aparecem-nos à luz de uma mais completa transparência e Pépin oferece-nos de facto um livro fascinante e maravilhoso que se lê com enorme agrado. O leitor encontra-se na posição de verdadeira testemunha dessa sucessão de entrevistas em que personagens tão célebres confessaram num divã as suas preocupações. E no desenrolar das situações que viveram e que perante nós - através de Freud claro ou através da análise de Charles Pépin – recordam e de algumas obsessões que por vezes os atingiram mais profundamente, acabamos por conhecer melhor o que eram tais celebridades como homens e como conduziram as suas vidas. Com esse aditivo não é de estranhar que assimilemos também melhor a profundidade das suas ideias que se consumaram nas suas teses filosóficas, desde o idealismo de Platão ao significado do dever para Kant e naturalmente às mais recentes teorias defendidas por Sartre num momento muito próximo de nós e que até muitos de nós chegámos a viver. Uma obra que se lê com um prazer inegável, razão mais do que suficiente para aqui figurar e deixar a todos o convite para acompanharem estas três grandes figuras no livro de Charles Pépin “Os Filósofos no Divã”.
Para ler excertos desta obra clique aqui
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