
A Terra, Património da Humanidade
A.M.Galopim de Carvalho
Âncora Editora
Naturalmente que existem autores portugueses que deveriam estar aqui presentes neste espaço que criei mas tem faltado o tempo para o fazer e assim tenho privilegiado sobretudo os escritores que vão publicando obras mais recentes juntamente com as novas edições que vão aparecendo de alguns clássicos mundiais. Uma ou outra excepção a esta regra aparece de vez em quando. E eis que o lançamento recente de uma obra de Galopim de Carvalho que não se integra neste espaço que criei sem distinção de temas ou de ideias. Mas há muito que o nome de Galopim de Carvalho deveria ter aqui o seu lugar. Para além de uma das mais notáveis figuras da nossa comunidade científica actual, Doutorado em Geologia e professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, foi director do Museu Nacional de História Natural e impulsionador de numerosas acções de divulgação e conservação do nosso património natural. Todos o conhecem como o defensor dos vestígios da existência dos dinossáurios em Portugal e acérrimo lutador pela conservação desses vestígios. E, sendo verdade, é ainda muito mais do que isso. É um acérrimo defensor deste planeta e nomeadamente de tudo o que diz respeito a este recanto que é o nosso pequeno país mas enorme porque cheio de riquezas naturais incalculáveis. E a prova imediata é por exemplo este livro que escolhi entre as suas várias obras publicadas. “A Terra, Património da Humanidade” demonstra bem o quanto devemos amar este planeta. E é com os seus vastos conhecimentos que nos descreve o que nele existe de grandioso, como se foi formando ao longo da sua evolução, viajando no espaço “Como Bola Colorida”, evocando nesta frase o poeta António Gedeão, o Professor Rómulo de Carvalho, a quem o livro é dedicado. Ambos que somos admiradores do nosso grande professor, também Galopim de Carvalho demonstra nesta obra o seu poder de comunicação, divulgando aos leitores numa linguagem simples e acessível tudo, ou quase tudo, o que a ciência conseguiu até agora descobrir e explicar sobre os grandes momentos da história da Terra. É como se estivéssemos a assistir ao aparecimento de um primeiro corpo celeste, inerte, sem vida, no qual – e isso nos vai explicando – se foram dando sucessivas modificações, desde o seu núcleo à crosta externa, interacção com outros corpos provenientes do espaço exterior, formação de massas continentais e sua fragmentação, tudo aquilo que iria preparar a chegada de células muito simples que iriam mais tarde dar origem aquilo a que chamamos organismos vivos. Daí para frente, já o caminho é mais conhecido, quando a certa altura aconteceu a existência de água, e depois, a formação dessas pequenas células, seguindo-se a atmosfera que iria permitir que aparecessem seres mais complexos que se foram formando e diversificando. E depois a Terra, sempre a Terra, permitiu também que eles por ela se espalhassem e se desenvolvessem ainda mais. Portanto é todo o início desse complexo sistema, aquilo a que vamos assistir nesta obra de Galopim de Carvalho, repleta de explicações que de outra forma poderiam parecer confusas mas que com a sua incansável maestria vamos assimilando com todo o gosto, quase sem darmos por isso, como se de um simples conto se tratasse. E é essa a ciência deste insigne Professor de Geologia. É isso que tem feito em todas as suas inúmeras conferências e em todos os projectos de divulgação a que se tem dedicado, alguns deles a que assistimos pessoalmente. Ele conhece e ensina a conhecer. Para além da transmissão do saber, abre-nos um mundo de perspectivas ainda maiores, no Dicionário de Geologia, a obra mais recentemente publicada e que conclui um projecto iniciado, há 40 anos, pelo Professor Carlos Teixeira no então Centro de Estudos de Geologia da Faculdade Ciências de Lisboa.

Para ler um excerto desta obra clique aqui