Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


CRIAR UM MUNDO SEM POBREZA
Muhammad Yunus
Difel

Ao vivermos presentemente mais uma grande crise económica mundial, apeteceu-me relembrar aqui os livros de Muhammad Yunus, o criador do microcrédito, Prémio Nobel da Paz em 2006. Diz-se hoje que já então se adivinhava que o capitalismo tal como estava a ser dirigido pelas grandes multinacionais e os grandes potentados mundiais viria a originar esta crise com a qual o mundo se debate hoje em dia.


O certo é que com o passar dos anos, desde que fundou o primeiro Banco dos Pobres em Bangladesh, o seu país natal, a que decidiu voltar para iniciar a sua cruzada de combate à pobreza, Yunus foi sendo reconhecido nomeadamente por muitas dessas empresas que se decidiram, numa pequena parcela, a contribuir para o auxílio sem qualquer retorno, aos pobres do seu país. Nem todas infelizmente o fizeram e nem tampouco em larga escala. Mas para além de qualquer intuito publicitário que aliás Yunus não permitia é fácil perguntar porque o fariam. Certo é que o microcrédito alastrou-se a todos os continentes e beneficiou já mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Mais de 60% dos que beneficiaram do microcrédito de Yunus já se libertaram da pobreza. Não possuo elementos suficientes nem conhecimentos em economia para afirmar que se o chamado Negócio Social tivesse sido alargado em todos os sectores de uma forma global – mas certamente utópica avaliando o comportamento do género humano – a crise não se teria dado. Não é essa portanto a minha intenção ao colocar aqui e agora as suas obras que sempre estiveram no meu Amor Pelos Livros. Merecem no entanto ser lidas por quem por ventura não o tenha feito para que possam entender melhor o conceito criado pelo Banqueiro dos Pobres. Certamente que os múltiplos jogos que levaram à falência recente de grandes bancos mundiais não seriam permitidos. As grandes fortunas, algumas manifestamente insultuosas perante a gravidade dos problemas actuais, que foram feitas à custa da credibilidade do cidadão comum, não existiriam. Muitas delas, como é sabido, acabaram por ruir. Mas mesmo assim existe um fosso enorme a separar os ultra-ricos dos ultra-pobres. Só existe uma maneira de erradicar a pobreza. É certamente erradicar o capitalismo selvagem. Muhammad Yunus assim pensou e não se enganou. A solução não é utópica. É possível se os homens o quiserem.

Para ler um excerto desta obra clique aqui