Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne

 

LENDAS TRADICIONAIS PORTUGUESAS 

Ed. Guerra & Paz

E se disséssemos ao nosso leitor que neste momento nos visita que Camões, o nosso grande poeta, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental, escreveu grande parte dos Lusíadas e de outros poemas da sua vasta obra numa gruta situada num país do Oriente. Exactamente. Nada mais verdadeiro. Mas o que faria ele nessa gruta? Sabemos que ele sobreviveu no naufrágio de um navio em pleno oceano pois temos sempre presente a sua imagem no meio de ondas erguendo bem ao alto um grande maço de papéis que seriam precisamente o famoso Livro dos Lusíadas ou parte dele. O certo é que nessa gruta da antiga província de Macau existe hoje um busto em bronze de Luís Vaz de Camões e a gruta se chama Gruta de Camões. E também se sabe que no navio de regresso a Portugal terá embarcado uma nativa de grande beleza chamada Tin-Nam-Men e que entre os dois terá havido um grande romance, tendo a jovem desaparecido no citado naufrágio. Não será por acaso que neo seu nome transformado em DinaMene aparece por exemplo num soneto: “Ah! Minha Dinamene! Assim deixaste - quem não deixará nunca de querer-te! - Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te,  - tão asinha esta vida desprezas-te!”. Aliás, segundo narra a tradição, são conhecidos os muitos amores em que se envolveu com damas da nobreza e mesmo de plebeias, tendo-se autoexilado em África devido a um amor frustrado. É precisamente esta história da Gruta de Camões e da nativa de Patane em Macau que faz parte de um grupo de “estórias” do nosso património popular reveladas agora no livro Lendas Tradicionais Portuguesas. De Norte a Sul do país, de Arcos de Valdevez a Loulé ou nas ilhas, como Ponta Delgada e Machico, que podemos fazer reviver tal como eram contadas durante séculos pelos nossos antepassados. Factos e fantasias como os Amores de Pedro e Inês ou as Obras de Santa Engrácia, a princesa de Peneda e a sua velha aia imortalizadas na pedra gigantesca que hoje chamamos de Cabeça da Velha, são alguns exemplos que podemos descobrir nas páginas desse curioso livro que reúne o melhor das nossas lendas tradicionais e que hoje recomendamos.  

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