Não se pretende fazer aqui crítica literária. Sou um cidadão do mundo que sente amor natural pelos livros. Na minha casa as paredes estão cobertas pelos livros. E falo com eles ou melhor eles falam comigo como se fossemos grandes amigos. Revelam-me os seus segredos e os conhecimentos dos seus autores ou contam-me histórias onde se inscrevem valores humanitários universais.

São ensaios, romances, contos e narrativas, peças de teatro, clássicos e modernos, mas também sobre o ambiente ou tecnologias úteis no nosso dia-a-dia. São obras que fazem parte da minha paixão pelos livros e que humildemente indicamos como sinal e guia para quem deseje conhecer conteúdos que julgamos dignos e fiáveis.

E porque desejo transmitir uma análise que embora pessoal seja minimamente correcta nem sempre consigo manter a actualidade que seria normal se a falta de tempo por abraçar outras actividades não o impedisse. Mas aqui estarei sempre que possa.

Gil Montalverne


HISTÓRIA DE PORTUGAL
Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa
Nuno Gonçalo Monteiro
A Esfera dos Livros

Com a idade que tenho (vai muito longe o tempo em que aprendi a História de Portugal sentado uma carteira da Escola Primária de Campo de Ourique e também o tempo da cadeira de História no Liceu Pedro Nunes) certamente que passaram por mim e pela leitura que sempre esteve presente nas minhas horas vagas e de lazer os mais variados volumes sobre a História de Portugal. Relembro até e vejo-as numa das divisões de minha casa, as várias edições em vários volumes, da autoria de personalidades consagradas nesta área e que, compreenda-se, funcionam mais como obras de consulta. Igualmente, como é natural, os consultei, folheando por onde desejava aprofundar qualquer assunto. Não é portanto em relação a estes volumes, que vou fazer qualquer referência de comparação com a obra da responsabilidade de Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno Monteiro, professores universitários da nova geração de historiadores, que acaba de ser editada pela Esfera dos Livros. Mas ao lado das restantes – e são várias – que nos apresentaram com certa dignidade o caminho da nossa História ao longo de quase um milénio, esta que acabo de analisar - pois difícil seria ler as 777 páginas no tempo disponível – tenho que afirmar com total convicção que se trata de uma obra ímpar no panorama literário e cultural em língua portuguesa. Pela primeira vez, é possível acompanhar a História de Portugal, desde a Idade Média até aos nossos dias, com toda a sequência de episódios que todos mais ou menos conhecemos, de uma forma que ousaríamos chamar de romanceada. Apesar de os autores terem feito naturalmente um esforço de síntese não pretenderam levá-lo ao extremo de esquecer, como alguns historiadores que os antecederam, o que era primordial e antes pelo contrário quiseram sobretudo torná-lo mais claro para o leitor. Esclarecer de modo a dar o conhecimento preciso. E conseguiram fazê-lo de modo tão eficiente e de certo modo sábio que o leitor fica de facto preso ao que – e mais uma vez o dizemos – ousamos chamar de romance histórico. Em alguns dos capítulos revisitei figuras conhecidas da nossa História e fiquei ao mesmo tempo admirado com as revelações de algo que nunca me tinha sido dado descortinar mas também desejoso de continuar a leitura e saber o que se passou na sequência desses factos. Que me perdoem se a ignorância era minha mas nunca qualquer obra nesta matéria me soube cativar como esta agora ao nosso dispor. E numa última ousadia deixaria aqui um desejo. Claro que nunca uma obra como esta poderia fazer parte dos manuais escolares (e não será o caso dos universitários da respectiva licenciatura) mas talvez fosse possível elaborar o de História de Portugal seguindo idêntico processo de a contar aos alunos de modo a torná-la interessante e cativante. Seria um meio de aumentar o nível de cultura dos nossos jovens que tão afastado anda do que se desejaria para um futuro mais promissor.

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